A Cristo Crucificado

Não me move, meu Deus, para querer-te
O céu que me hás um dia prometido:
E nem me move o inferno tão temido
Para deixar por isso de ofender-te.

Tu me moves, Senhor, move-me o ver-te
Cravado nessa cruz e escarnecido.
Move-me no teu corpo tão ferido
Ver o suor de agonia que ele verte. 

Moves-me ao teu amor de tal maneira,
Que a não haver o céu ainda te amara 
E a não haver o inferno te temera.

Nada me tens que dar porque te queira;
Que se o que ouso esperar não esperara,
O mesmo que te quero te quisera.

AUTOR ESPANHOL NÃO IDENTIFICADO (Séc. XVI)

Tirei do livro Alguns poemas traduzidos por Manuel Bandeira, indico.


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